Na segunda aula da disciplina "Juventude, comunicação e linguagem" um dos eixos foi a discussão sobre o conceito de comunicação, como destacam uma aluna e uma aluno da turma.
“A percepção da sensibilidade e flexibilidade com que a juventude lida com a cultura tecnológica, criando novas comunidades para além do espaço geográfico, traz uma nova referencialidade para estudos e acompanhamento aos jovens. Portanto, o processo comunicativo como um reconhecimento do outro e das diferenças existentes como legitima, nos ajuda a um entendimento alargado das questões juvenis e das realidades comunicativas produzidas pela juventude. O texto “De qual comunicação estamos falando? ( Luiz C. Martino), contribuiu para perceber os diversos sentidos da Comunicação e problematizar as relações comunicativas que estabelecemos no cotidiano” (Fabiane Asquidamini).
"Anjo ou demônio? As TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) têm levantado grandes questões na sociedade. Os adultos, muitos deles, preferem classificá-las como perturbadoras da sociedade. "São o grande mal dos novos tempos!" Profetizam eles. O fato é que os mais jovens estão neste mundo que nos parece sem volta. Há sempre novos instrumentos e conteúdos disponvíveis e os jovens não tem receio de "navegar" neste mundo plural, instigante e com tantas possibilidades de reflexão, entretenimento e assim vai.
O que dizer e o que fazer? Se existem os que querem se manter o mais longe possível das TICs, também existem muitos que já as integraram em novos modos de educar, de realizar suas taefas. Os primeiros não se "comunicam" com esse novo mundo. Sim! Pensando que comunicar é saber que temos algo a expressar, mas que o outro também traz algo novo, qualquer atitude de fechamento impede que haja uma influência mútua, provocadora de amadurecimento mútuo. Há ainda, como descrito, os que entram no jogo e estão dispostos a aprender a utillizar estes novos meios de comunicação. A estes é preciso a prudência para que não mantenham a postura antiga em espaço novo. Querer ingressar no mundo dos jovens contando apenas com as novas técnicas se faz insuficiente. Tal intento implica em novas posturas.
Existem grandes questões postas sobre uma chamada "comunicação" que na verdade deixa de sê-la. Pensar a partir da lógica de um "marketeiro" que investiga-nos até conseguir modos de sesnsibilização, suficiente para nos levar a compra de seu produto, descaracteriza o que é comunicação para a constituição de uma "mobilização guiada". Limites de conhecimento daquele que é o consumidor ou informações falseadas são componentes dessa "comunicação". Outro grande desafio é o excesso de informações disponíveis. Os canais e meios de comunicação que as apresentam, muitas vezes, estão mais interessados em criar uma sensação semelhante a proporcionada por um caleidoscópio do que na nobre tarefa de informar. Exemplifiquemos com um tele-jornal: "Menino de 11 anos presencia a execução dos pais em São Paulo! Copa do Mundo: Brasil pega a Holanda nas quartas de final!" Um carrossel de emoções, um show de imagens e idéias que apresentadas desta forma são incapazes de gerar reflexão, conhecimento. Pois não há ligação entre os dados.
Por outro lado, a juventude nos ensina neste espaço dos novos instrumentais da comunicação. Seus "scraps", recados, opiniões "postadas", imagens e fotos desfocadas, com posições não tradicionais, em lugares não convencionais mostram-nos sua intervenção, modo de pensar, atitude. Diferente da irreal e pouco criativa possibilidade que promovem as decisões propostas por alguns programas de TV, o modo como as juventudes invadem este espaço diz muito sobre, inclusive, valores não cultivados pelos mais adultos. O pertencimento e afinidade com um grupo de amigos em sites de relacionamento acontecem no espaço virtual, mas não, necessariamente, se reduzirão a isto. Ali acontece, também, os primeiros passos para outros momentos em que a dimensão pessoal, o toque se dará. Aqui há a possibilidade para relações, expressões de fato, os jovens parecem encontrar, aqui, um espaço de imensa liberdade que parecem não acessarem em outros espaços. Aqui somos todos capazes de nos mostrar, de dizer o que queremos, nos mobilizar e intervir em diferentes causas.
Resta-nos a abertura e prudência ao pensarmos os novos meios/espaços de comunicação. Resta-nos pensar quais são nossos valores, tentar descobrir os deste mundo e continuar nossa história de amadurecimento humano". (Igor Batista dos Santos)
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