Participaram do painel Marcelo Perilo, representante do coletivo “Colcha de retalhos: a UFG saiu do armário”, um grupo que atua com questões sobre sexualidade, identidade de gênero e combate a homofobia. Lázaro Rodrigues, da “Associação Cultural de Bonfinópolis - Cultura 36”, que promove atividades culturais com jovens do município. Hélio Martins, Hermínia Carvalho, Karina e Gilmar do “INSEJ” (Instituto Socio-educativo Juvenil), ONG que realiza atividades culturais e educacionais com jovens.
Dentre os muitos desafios apresentados pelos/as jovens, a gestão das organizações destaca-se. Os/as jovens apresentaram suas dificuldades com os esquemas burocráticos que atravessam as instituições, na busca por recursos e organização estrutural. Há ainda a busca de outros modelos de organização que não sintonizam com os modelos hierárquicos das instituições tradicionais. É o caso do Grupo “Colcha de Retalhos”, que se organiza como um coletivo, numa estrutura horizontal sem hierarquias, o que, segundo Marcelo, tem ônus e bônus. "Não fomos cooptados por nenhuma instituição nem fomos instrumentalizados por nenhum movimento social ou partido político, mas temos dificuldades de conseguir recursos por não ter um cnpj", diz.
Vencer a desconfiança do mundo adulto e conquistar credibilidade é outro desafio trazido por alguns dos/as jovens. As dificuldades de relação com as instituições formais, como o Estado e a Igreja são trazidas por eles/as. Ao mesmo tempo, ao falar da origem de suas motivações para organizar seus grupos, Lázaro e Hélio falam da Pastoral da Juventude e Pastoral da Juventude do Meio Popular, organizações da Igreja Católica, e Marcelo fala da Universidade, outra instituição tradicional. Apresentam, no entanto, as dificuldades de conciliação com a estrutura eclesial e os interesses e as formas de organizar seus grupos. Sobre sua filiação religiosa, Lázaro afirma "não me sinto Igreja, me sinto cristão".
As organizações dos/as jovens são marcadas por alguns traços que possibilitam confrontar os modelos tradicionais das agências socializadoras: família, escola e Igreja.
A própria iniciativa
As organizações juvenis partem de iniciativas problematizadoras deles/as próprios/as, a partir de temas e demandas que os/as tocam de alguma forma. "Os primeiros projetos nossos eram nossos próprios anseios, como fazer cursinho pré-vestibular". São organizações que ganham significados deles/as mesmos, enquanto família, Igreja e escola são instituições imbuídas de significados históricos, que os precedem.
Os sonhos e a percepção de um modelo de sociedade marcam as ações desses/as jovens e pautam novidades temáticas para o mundo do qual desejam fazer parte. "A discussão da sexualidade precisa ser considerada tão importante quanto outras categorias para compreensão da sociedade: trabalho, gênero e classe", comenta Marcelo.
Os/as jovens apresentam elementos de suas organizações que revelam marcas das novidades e continuidades na organização institucional. A formação de redes, a laicidade e suprapartidarismo são marcas das novas formas de organização, presentes de modo especial nas organizações juvenis. Ao mesmo tempo, as marcas da burocracia e da hierarquia seguem marcando algumas dessas organizações, seja por não os questionarem devido às obrigações jurídicas às quais estão atreladas as possibilidades de captação de recursos. As novidades, no entanto, têm impactado, inclusive, a proposição das políticas públicas, seja no que diz à captação de recursos, ou nos canais abertos de diálogo com os poderes instituídos.
Sobre a Especialização: O Curso de Pós-graduação é realizado pela Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude, sob coordenação da Casa da Juventude Pe. Burnier. Mais informações, acesse: www.pos.redejuventude.org.br.
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